“Consequências imprevisíveis, talvez até violentas”
Depois de encaminhar seu relatório parcial ao colegiado do TSE, o ministro Herman Benjamin deu uma ótima entrevista ao Estadão...
Depois de encaminhar seu relatório parcial ao colegiado do TSE, o ministro Herman Benjamin deu uma ótima entrevista ao Estadão.
O jornal perguntou se os outros ministros devem acompanhar seu voto.
Ele respondeu:
“Eu sou um juiz de colegiado. Não me importo nem um pouco de perder, desde que as regras do jogo sejam republicanas. Em outras palavras, as teses que eu defendo não são absolutas. A avaliação que eu venha a fazer das provas não é infalível. Agora, o que é inadmissível, e aí realmente eu não aceito, é que o argumento poderoso dos fatos seja derrotado por fundamentos que não tem sustentação, exceto no jogo do poder. Porque isso descaracteriza o estado de Direito”.
O Estadão perguntou se o voto pode ser condicionado pela necessidade de estabilidade econômica.
Ele respondeu:
“Não é possível crescimento sustentável, vale dizer, duradouro, em uma sociedade que tem a corrupção como um fato natural. Isso acaba se refletindo no próprio sistema eleitoral, porque o desacredita. Sem eleições livres e democráticas, da mesma forma que sem justiça, nós não temos estado de Direito”.
O jornal perguntou se ele não teme provocar distúrbios.
Ele respondeu:
“A maior perturbação social virá da descrença no processo eleitoral, e na própria Justiça. Quando as pessoas não acreditarem mais nem no processo eleitoral, nem na Justiça, aí sim nós alcançaremos o fundo do poço com consequências absolutamente imprevisíveis, e talvez até violentas”.
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